Na semana passada fui convocada para uma reunião de pais no colégio onde anda a banita. Avisada com 1 dia de antecedência da reunião e com 1 hora e 1/2 de que a banitita iria sair nesse dia às 11 e não às 13h (eles acham que é suficiente) para lhes dar tempo de prepararem a reunião (Como é que é possível, precisarem de tanto tempo para arranjarem a sala, os discursos, o projector, a apresentação em Power Point, tendo em conta que o colégio só da aulas todos os dias até às 13h?!!), lá estava eu e mais algumas mães à espera que se dignassem a começar o espéctaculo!
Quando estava mesmo para começar, a banitita diz-me: mamã, tem cócó...
Lá fui eu à procura de um sítio onde pudesse trocar a fralda à piolha, perdendo assim a apresentação da professora dela onde constava a sua idade, quanto anos tinha de experiência naquele colégio, se estava a frequentar ou tinha concluído os estudos de não-sei-quê-e-desenvolvimento-social na universidade pedagógica de-não-sei-onde. Se sabia pouco da professora, fiquei na mesma graças aos movimentos intestinais da banitita...
Começa então a apresentação do que se pretendia desenvolver nesse ano lectivo, como fiquei a saber são: patrulha viária e alimentação dos miúdos.
O que é então a patrulha viária? Consiste num grupo de 4 pessoas que ajuda os miúdos a descer dos carros dos pais, levando-os pela mão até ao portão do colégio e entregando-os depois às professoras que aí estejam à entrada...
Em Portugal, nunca se ouviu falar de semelhante coisa, parece bom? Eu sou da forte convicção que só atrapalha, pois há miúdos que não querem dar a mão a pessoas estranhas e desatam aos berros a chamar pelos pais, acabando por ter de ser os próprios pais a fazerem esse papel. Como o colégio não deixa que os pais entrem com os seus filhos até à entrada das suas salas (só isso já é esquisito!!!), temos pois que os entregar às professoras que estão junto ao portão. Onde é que já se viu, os miúdos serem arrastados para dentro do colégio aos prantos e na maioria das vezes nem deixam os pais despedirem-se dos filhos com uns beijinhos e tendo nós que lhe gritar de longe: o Pai ou a Mãe vem-te buscar mais logo!!
É indiscritível, o sentimento de perca que fica... Comigo chegaram a pegar na miúda ao colo e durante uma semana, nem me despedi dela, tal era a velocidade com que a levavam e a minha surpresa e falta de reacção... escusado será dizer que a banitita fartou-se de chorar :(:(:(
Também fomos avisados que para quem faz a dita patrulha viária, incomoda particularmente os pais que ficam parados ao portão a conversar, impedindo a completa visibilidade da chegada dos carros dos pais!!
Já começou esta semana a dita patrulha, os pais são escalados juntamente com professores e alunos, penso que os mais velhos têm 12 anos (eu aos 12 anos mal tinha consciência do que eram os carros e os perigos que oferece a estrada, quanto mais ajudar crianças de 3 anos para cima a descer do carro e andar com eles pela mão) para ficarem 10 a 15 minutos a ajudar os meninos a irem de e para o colégio à hora de entrada e de saída!
Não disse para não contarem comigo, pela simples razão que nos disseram que se todos contribuíssem, calhava 3 vezes por ano para cada pai, penso que não é um sacrifício grande!
Quando chegar a minha vez logo vejo como é! Sei que temos de vestir uns coletes amarelos e fazer de policia para sinalizar aos outros carros que vou ajudar um menino a descer (quase todos os pais têm pick-ups ou jipes) e por favor não me atropele nem a mim, nem a criança, isto, claro, se conseguir convencer o puto a sair sem armar escabeche!!!
Quanto à alimentação: detectaram pelo menos um menino gordito (palavra usada para descrever obeso) em cada sala, ou não fosse o méxico o país que arrebatou o 2º lugar no ranking dos mais obesos do mundo!!
Estiveram a ensinar aos pais, o que eles deveriam dar de comer aos seus filhos, os grupos alimentares, o que lhes faz mais falta, 6 alternativas de lanche para dar a meio da manhã, que os miúdos deviam comer 2 refeições a sério, um pequeno almoço e 2 lanchinhos!!!
E eu a ouvir aquilo, pensei: entrei numa aula de 5º ano e não me dei conta!!! Pensei que eu, sendo europeia, que tenho aquelas informações como o lógico, básico e o que sempre fiz e fizeram comigo, como é que eu estava a ouvir tudo aquilo e como estaria a a assimilar aquilo a srª mexicana que estava ao meu lado com a sua criança que como estava cheia de tosse e tinha cara de doente, estava a receber umas massagens nas costas por parte da sua mãe!!
Que disparidade! Como é possível que em pleno século 21, seja necessário dizer aos adultos que a alimentação dos miúdos devia ser variada, que devia abranger todos os grupos alimentares, que os doces não fazem falta (isto acrescento eu, porque os miúdos mexicanos comem muitos doces e desde muito novos)!!
O pior é que alguns alunos não levam lanche, não tomam pequeno almoço e o colégio só tem para venda doces (chupa-chupas, rebuçados, etc.) e panquecas com feijão!!!
É caso para dizer: diz o roto ao nú...
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