segunda-feira, 23 de março de 2009

Ter filhos é exactamente o quê?

É termos alguém pequenino, indefeso à nossa guarda. É ensinarmos tudo o que de bom a vida tem e mostrarmos o mau que a vida encerra. É darmos-lhes a educação que os acompanhará toda a vida, é darmos-lhe os hábitos de higiene, leitura, televisão, acordar cedo que os irão reger para o resto das suas vidas. É trocarmos os nossos horários pelos horários deles. É preocuparmo-nos por eles e com eles, com sorte (ou azar, dependendo do ponto de vista) até eles terem vintes-e-tais-quase-trinta... porque não entram na faculdade, porque não acabam o curso, porque não arranjam emprego, porque não compram casa, porque não casam, porque não têm filhos, etc. E, julgo que a partir da altura em que temos netos, preocupamos-nos pelo netos e com os netos! E recomeça tudo outra vez. (Será que algum dia irá acabar?)
É sentirmo-nos imensamente felizes quando eles vencem alguma etapa e tristes quando se magoam. É uma transferência de sentimentos, sentimos o que eles sentem. Choramos por eles se eles sofrem, rimo-nos com eles se eles sorriem.
É pormo-nos em segundo plano para o resto da nossa vida! As suas necessidades, virão sempre primeiro que as nossas. São as mais prementes de satisfazer! É preciso comprar-lhes roupa para que andem vestidos (e quentinhos ou fresquinhos), livros para que se eduquem e aprendam, brinquedos para os ajudar a evoluir, calçado para proteger os seus pezinhos, comida e bebida para lhes dar sustento (já que saco vazio não fica em pé!)! E mais rapidamente, compramos algo sabemos que lhes fará falta ao invés de uma qualquer peça de roupa ou calçado para nós, porque o que possuímos ainda aguenta mais algum tempo.
Dou por mim a vestir, alimentar a minha filha e esqueço-me de mim. Eu também tenho de tomar banho, eu também tenho de comer, mas primeiro vem ela. Por isso, afirmei e mantenho, que para mim, ter filhos é um sacrifício pessoal. A todos os níveis. Sacrifico o que eu quero ou preciso para lhe dar a ela o que ela quer e precisa... até ao fim dos meus dias! Não digo que o faço sem sentir, por vezes, saudades pela vida antiga e despreocupada de filha, claro que sinto saudades dessa vida simples e leviana, mas depois de termos filhos, simplesmente já não podemos ser levianos, não com alguém que depende inteiramente de nós...
Só sabemos o que é ter filhos, quando finalmente temos um. É daquelas experiências que têm de ser vividas, porque contadas não têm valor.
E não me venham dizer que ter filhos é um acto de egoísmo! Claro que começa por ser puro egoísmo, mas rapidamente se transforma em altruísmo sem que tenhamos consciência disso! Alguém no seu perfeito juízo imagina as preocupações, a falta de sono, o adiar de nós próprios que se traduz em ter um filho? Jamais o imaginamos, pois desconfio que se o fizéssemos, o futuro da Humanidade estaria seriamente comprometido!

16 comentários:

Tasha disse...

É tao tudo isso... A verdade é que o fazemos inatamente, sem rancor, sem ressentimento... É como lavar os dentes e pentear os cabelos todos os dias... é um carinho, uma dedicacao, um amor automáticos. Também eu tenho saudades da minha vida sem filhos, mas acho que já nao saberia viver sem os meus meninos. Sao parte de nós, tal como o sao as pernas e os bracos e o melhor prazer que podemos experimentar na vida.

Ana C. disse...

Mas onde é que ouviste dizer que ter filhos é um acto de egoísmo? Se há coisa que nos obriga a ser menos egoístas é um filho...
Já disse esta frase que li no blog do Pedro Rolo Duarte, mas vou repeti-la aqui porque se encaixa na perfeição:
Ter filhos é viver com o coração fora do corpo...

Banita disse...

@ Tasha
You're so right!

Banita disse...

@ Ana C.
Mas também não será egoísmo trazê-los a este mundo cheio de desgraças, desemprego, incertezas? E não será um pouco egoísmo também para termos quem nos vá visitar e nos ame na velhice?

Isabel disse...

Olha minha prima, nada a acrescentar no que escreves-te, é isso tudo, é essa a realidade, então agora como sabes sozinha com a minha Carolina torna tudo mais intenso, como o papel de mãe, ela vem sempre em primeiro, as vezes dou por mim quase a sair de casa com chinelo, mas ela esta cansada, será que lavei os dentes mas sei que os dela estão lavados, parece tudo um pouco tolo não é.
Mas nem sei dizer se tenho saudades da minha vida sem os filhos, porque honestamente nem sei se ja faz parte de mim, nem sei viver sem a minha pestinha, que não é uma filhota fácil, mas que sem ela eu não seria nada.
E claro não estaria aqui a falar com vocês mães, e que graças a minha primita banita, posso partilhar,Obrigado
Jokas a todas
Isabel

Banita disse...

@ Isabel
Ora essa, é para isso que cá estamos: partilhar, entreajudar, desabafar, etc.
Apesar de nos porem a cabeça em água, a pestinha e a fera, não sabemos viver sem elas! :o)

Ana C. disse...

Em resposta: Não é egoísmo, é pura coragem.

JBrito disse...

Não me venham cá com tangas pá!!!
Que não temos tempo para nós, que não coçamos o rabo como coçaríamos quando éramos filhos, que ai, ai, ui, que é tão bom, que é tão mau, que não sou a mesma, que já fui melhor, que estou pior, que crio sozinha, que estou bem com eles, mas não estou bem sem eles…

Ter filhos é um acto tresloucado de AMOR, resultante de uma relação de duas pessoas (ou mais) sobre um orgasmo mutuo (ou não), a soma de uma queca bem dada (ou não), enfim…

E os nosso filhos “programados” como os nossos, são simplesmente o fruto, a prova, a soma, a duplicação, o total, o fim da nossa relação com o/as nosso/as-mais-que-tudo, tudo que vêm por arrasto das crias são detalhes impossíveis de detalhar, porque ninguém, mas ninguém saberá definir o AMORRRRR, por isso amiguinhas, NÃO SE QUEIXAM, ok?

Porque acho que o AMORRR, para mim, está representado nu e bruto nos olhos/alma da minha filha.

Anónimo disse...

Que lindo texto, Banita! ;-)
Eu tenho pavor de quando for a minha vez não saber estar à altura, mas... a ver vamos. :-)

Banita disse...

@ JBrito
Claro que é também um acto de amor, mas certamente concordas (se tu não concordas, concorda a Vera de certeza) que abdicas de ti para dar à tua filha, esqueces-te de que existes, ou não?
E deixa que nos queixemos de vez em quando! Também temos direito, afinal, por regra, somos as que damos comida, banhos, vestimos, aturamos birras, choros de sono e frustrações!
Também há muitos pais que ajudam, mas infelizmente o termo correcto é esse: ajudam. Porque quem faz o trabalho todo, normalmente, são as mães. Para além do trabalho fora de casa e o de dentro de casa também!
Epero que não te ofenda, mas é um facto. Não queremos que nos achem as super mulheres por isso, mas apenas que nos dêem o devido valor, o reconheçam e já agora: ouçam as nossas queixas. ;)

Banita disse...

@ Ana C.
Parece que afinal de contas é uma grande mistura de muita coisa. :o)

Banita disse...

@ undutch
Não tenhas pavor... para consolar-te digo-te que nunca sabes se vais estar a altura, apenas sabes que vais dar o melhor de ti! O resto é ter muito amor para dar, esperança que tudo corra bem e estar atento para poder corrigir erros.

Anónimo disse...

Olha digo muitas vezes ao Jorge...preciso de tempo para mim...preciso de me ouvir!!! e é verdade, pois elas tão sempre a chamar nos, ou porque querem isto, ou aquilo, ou simpelsmente para saberem se tamos ali!!! UM MINUTO DE SILÊNCIO...please..
E em relação ás ajudas, é certo que faço mais que o jorge pois ele tá muitas vezes fora, mas não me posso queixar, pois sempre que ele tá ele é k lh dá banho, veste e a adormece, para eu nesses dias "ME PODER OUVIR" he he he..ele é um excelente pai.
E olha parabéns pelo teu blog...é sempre interessante.
Bjs

Banita disse...

@ Vera
Antes de mais obrigada pelo teu comentário.
O meu Banito apesar de não estar fora como o teu Jorge, chega sempre tarde e como tal, banhos, vestir e dar a sopa sou quase sempre eu. Ele também ajuda muito, mas como sou eu que estou com ela todo o dia, eu é que faço tudo e ele ajuda quando pode!
Sim, sinto falta de algum tempo para mim, principalmente agora que andamos a fugir à varicela e ela já não vai ao colégio há 3 semanas e está comigo todo o dia...
A porta está sempre aberta, volta quando quiseres!

magali disse...

Banita,
Apesar de ainda não fazer parte do clã, acho que ter um filho é tudo menos um acto egoísta!!!
Deve ser maravilhoso:)
Qualquer dia, espero eu...
Adoro-te!
MAgali

Banita disse...

@ Magali
Cá te espero quando cortares a meta da maternidade!
Mil beijocas